“Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Que dor!”, reclama João Marcelo. Ele ouve, com indesejável freqüência, as pessoas dizerem “vou banhar” no sentido de “vou tomar banho”. A dúvida: banhar, no caso, não tem acepção de banhar uma peça de ouro?
Trata-se da velha cilada dos verbos versáteis. Banhar é transitivo direto. Alguém pratica a ação. É o sujeito. Outro a sofre. É o objeto. A mãe (sujeito) banha o filho (objeto). Às vezes, a porca torce o rabo. O sujeito e o objeto são as mesma pessoa. Repetir o nome? Pode ser, mas fica muito esquisito (A mãe banha a mãe).
Comprometida com a clareza e a elegância, a língua oferece saída. Põe à disposição do falante os pronomes. Eles dão o recado com galhardia. A mãe banha o filho. O filho se banha. Eu me banho. Ele se banha. Nós nos banhamos. Eles se banham. Os médicos recomendam: banhe-se à noite com água morna.
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