Todo, todo o, todos, todos os: emprego

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Todos setores temem o futuro”, escreveu o Correio Braziliense. Leitores ficaram com a pulga atrás da orelha. Leram e releram a frase. Tornaram a fazê-lo. Deram-se conta de que algo estava destoando. O pronome? Não. O substantivo? Não. Eureca! O texto sonegou o artigo. Sem ele, fica o dito pelo não dito. A construção é ilustre desconhecida na língua de Camões, Machado e Clarice.

Dois times

O pronome todo é cheio de manhas. Ora aparece no singular. Ora no plural. Ora acompanhado de artigo. Ora solitário — livre e solto, sem lenço e sem documento.

Todo

O dissílabo, no singular e sem companhia, significa qualquer, inteiro: Todo (qualquer) país tem uma capital. Todo (qualquer) homem é mortal. Li o livro todo (inteiro). Todo brasileiro tem direito à educação de qualidade. Percorreu a casa toda sem encontrar o que procurava.

Todo o

No singular, de mãos dadas com o artigo, o pronome quer dizer inteiro: Li todo o livro. Assisti a todo o filme. Conheço todo o mundo. Percorri todo o trecho, mas não localizei o endereço indicado.

Todos os

A dupla plural é pra lá de poderosa. Engloba todas as pessoas ou representantes de determinada categoria, grupo ou espécie: Todos os governadores compareceram à reunião. Todos os que quiseram retiraram a senha e participaram do sorteio. Dirigiu-se a todos os presentes. A sociedade quer todas as crianças em escolas de qualidade.

O desnecessário sobra

Atenção à manha de todos os. Em muitas construções, o pronome é desnecessário. O artigo sozinho dá o recado. Veja: Na reunião com todos os grevistas, o governador apresentou a proposta. Reparou? O todos sobra. A presença do artigo informa que são todos: Na reunião com os grevistas, o governador apresentou a proposta. (Não são todos? Xô, artigo: Na reunião com grevistas, o governador apresentou a proposta.)

Dad Squarisi

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