Show dos shows
Quem recebeu o troféu Inimigos da Língua? Cláudio Humberto escolheu a ministra dos Direitos Humanos. Sem corar, Ideli Salvati soltou a pérola “tem uma coisa meia lógica”. Ops! Sua Excelência deu dois chutes no idioma de Camões, Fernando Pessoa, Machado de Assis e todos nós.
Um deles: esnobou o verbo haver. No sentido de existir, o dissílabo pede passagem: Há duas pessoas na sala. (Existem duas pessoas na sala.) Tinha cinco livros aqui. (Havia cinco livros aqui.) Há uma coisa lógica. (Existe uma coisa lógica.)
O outro: confundiu duas bolas. Em certos empregos, meio é invariável. Não quer saber nem de feminino nem de plural. Advérbio, significa um tanto: Maria anda meio (um tanto) irritada. Na prova, os alunos pareciam meio (um tanto) inseguros. Há uma coisa meio (um tanto) lógica.
Noutros empregos, meio quer dizer metade. Aí, terminou a moleza. Flexiona-se como qualquer mortal: Os médicos dizem meias verdades. Comprei duas dúzias e meia (dúzia) de ovos. Eles são meios-irmãos. É meio-dia e meia (hora). Comprei duas meias-entradas.
Fim
Acabou-se o que era doce. Alguém disse que a gramática é um sistema de ciladas. As armadilhas ficam à espreita. Ao menor descuido, laaaaaaá vamos nós. Caímos de quatro. A Esplanada que o diga.
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