Muitas dúvidas quebram a cabeça de gente que precisa estar atenta à língua. É o caso de estudantes, concursandos, jornalistas, advogados & companhia ilimitada. Este post lhes cede o espaço. Com a palavra, Sua Excelência o leitor. Reforma ortográfica
A reforma ortográfica entrou em vigor na quinta-feira. Pergunto: dicionários, gramáticas e demais livros que se dizem atualizados estão efetivamente atualizados? (Carlos Lira, João Pessoa)
Olho vivo! A lei deixou muitas dúvidas sobre o emprego do hífen. Pra tapar os buracos, a Academia Brasileira de Letras vai editar novo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa em fevereiro ou março. É bom aguardar. Só as obras publicadas com base na palavra final da ABL merecerão nota 10.
Gostaria de saber se apenas re-introduziram as letras K, W e Y em nosso alfabeto ou alguma palavra voltou a ser grafada com esses símbolos? Qual a justificativa para essa restauração? Aliás, eu achava que não faziam falta por aqui nem deveriam ser utilizadas. (Fernando Alberto de Lacerda, Paraíba) Fernando, a reforma tornou de direito o que era de fato. Apenas legalizou as três letras. Tudo o mais mantém-se como dantes no quartel de Abrantes. Quilo continua a se grafar quilo. A abreviatura de quilo, kg. Pronome lhe Acredite. O pronome lhe me rouba pontos valiosos em concurso. A razão: até hoje não sei a função sintática que ele desempenha. Pode me ajudar? (Mônica Sales, Olinda) O pronome lhe tem duas funções: 1. Objeto indireto. No caso, complementa o verbo transitivo indireto. Lembra-se dele? É o que quer distância do objeto. Entre ele e o complemento, aparece sempre uma preposição. Veja: Dei o livro a Maria. (Dei-lhe o livro.) Ofereci o livro a João Marcelo. (Ofereci-lhe o livro.) Obedeço ao diretor. (Obedeço-lhe.) 2. Adjunto adnominal. Aí, substitui o pronome dele e o possessivo seu: Luís quebrou a asa do pássaro (asa dele). (Luís lhe quebrou a asa.) Mudou a mentalidade do chefe (mentalidade dele). (Mudou-lhe a mentalidade.) Cantei a sua música (música dele). (Cantei-lhe a música.) É isso. Entendido, o lhe não é nenhum leão furioso. É mansinho como o gato lá de casa. Junto a No edifício onde moro, um cartaz anuncia: “Favor identificar-se junto à portaria”. Cruz-credo! Junto a virou curinga. No recall, as montadoras pedem aos clientes “marcar hora junto à gerência”. Os jornais dizem que a Argentina “negocia empréstimo junto ao FMI”. É a receita do cruz-credo, não? (João Rafael, Brasília) Xô! A locução junto a gosta de ser usada com significado físico. Joga no time de ao lado de, em companhia de: Parou junto ao portão. Estava no cinema junto aos irmãos. Não é isso? Vire-se. Busque a preposição adequada: Favor identificar-se na portaria. Os clientes devem marcar hora na gerência. A Argentina negocia empréstimo com o FMI. Coletivo de baleia Parece bobeira. Mas morro de curiosidade. Qual é o coletivo de baleia? (João Luís Barbosa, Natal) Nossa! Vamos à pesquisa. Procura daqui, busca dali, eureca! É baleal. Cores variadas Quando falo, olho fundo nos olhos da pessoa. Com o tempo, me dei conta de que existem poucos olhos iguais. Há mil e uma nuanças que diferenciam uns de outros. Surgiu, então, uma dúvida. Por que, no plural dos adjetivos indicadores de cor, só claro e escuro se flexionam? As outras indicações de tonalidade ficam invariáveis. O mistério tem um porquê? (Bruno Câmara, Rio) Tem. É a velha história dos adjetivos compostos. Quando os dois elementos são adjetivos, o primeiro apela pra lei do menor esforço. Acomoda-se. Deixa a dureza com o segundo: olhos castanho-claros, olhos azul-escuros, olhos verde-claros, camisas verde-amarelas. Às vezes, quem responde pela diferença é um substantivo. É o caso de verde-mar, castanho-avelã, azul-bebê, verde-canário. Ora, mar, avelã, bebê e canário são nomes. Não indicam cor. Então, a língua recorre a um truque. Deixa subentendida a expressão da cor de. Com ela, o substantivo não tem saída. Fica sempre no singular: olhos verde-(da cor do) mar, olhos castanho- (da cor da) avelã, olhos verde-(da cor do) canário.
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