“Para os próximos dias e meses, nosso compromisso é trabalhar com afinco para que não haja solução de continuidade na condução das investigações e das ações penais propostas”, disse Raquel Dodge em entrevista coletiva. A procuradora-geral da República causou frisson. Murmúrios se ouviram na sala. Muitos abriram a boca e arregalaram os olhos. O xis do espanto: solução de continuidade.
A locução dá nó nos miolos. Sempre que é dita ou escrita, suscita dúvidas. Ao dizer “para que não haja solução de continuidade”, a mandachuva do Ministério Público afirma que as ações vão prosseguir? Ou não? A resposta está na palavra solução. No caso, a trissílaba significa dissolvida. Ora, continuidade dissolvida é interrupção. Em português claro: a procuradora disse que não haverá solução de continuidade. Logo, não haverá interrupção. As ações seguem em frente.
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