O assunto do momento? É a Copa. Jornais, revistas, tevês só falam na seleção. Em bares, restaurantes, academias, os papos batem numa tecla só — o desempenho do Brasil na África do Sul. Todos torcem. Vestem verde-amarelo, penduram a bandeira em mastros improvisados e confirmam a definição de Nelson Rodrigues. “O futebol”, disse o velho cronista, “é a pátria de chuteiras.”
“Não há acasos”, dizem os psicólogos. Explica-se, pois, a herança que o esporte das multidões legou para o português. O futebol nasceu no Reino Unido. Deu uma voltinha por aqui e, claro, se sentiu em casa. Tornou-se fã de feijoada e caipirinha. Aprendeu a deixar pra amanhã o que pode fazer hoje. Por fim, virou mestre em dar um jeitinho.
Filhotes da chuteira
Brasileiro da gema, o ex-inglês encantou-se com uma mulata. Os dois juntaram os trapinhos e formaram baita família. São os filhotes da bola. Termos originais do esporte abandonaram o gramado. Ganharam as ruas e a boca do povo. Em suma, enriqueceram a língua.
Você faz cera de vez em quando? Enche a bola de alguém para fazê-lo explodir de vaidade? Então, com certeza, conhece filhos, netos, sobrinhos e demais parentes da chuteira. Que tal dar o cartão vermelho pro namorado chato? Não? Talvez pô-lo de escanteio seja melhor. Como ele só joga na retranca, é possível que se manque.
Mas, se o perna de pau se fizer de morto, tire o time de campo. Levante a cabeça e bola pra frente. Dê o pontapé inicial. Depois, faça marcação homem a homem. Ainda no primeiro tempo, ajeite a bola pra chutar em gol. Atenção com a bola fora. Nos momentos iniciais, todo cuidado é pouco.
Não pise a bola. Faça jogo aberto. Até os 45 minutos do segundo tempo, você vai dar de 10. Aí, seja craque. Não mexa em time que está ganhando. O juiz é nosso, claro. Mas pode dar zebra.
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