Síndrome da desilusão amorosa

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Por Karine Rosa

Não é que seu cabelo não seja no corte que eu sonhei. Nem foi sua regata que me afastou. Não foram seus amigos, seu jeito, a ligação que você demorou tempo demais a fazer. Relevei tudo isso porque você me tinha tão na mão. Eu estava pronta para tudo com você – menos para o seu “ancioso”.

Foi aí que veio o Facebook. E eram tantos erros que eu fechei sua página antes mesmo de ler toda a sua timeline. Veja bem, eu encararia numa boa seu celular desligado, suas ex-namoradas no seu pé e até sua dificuldade em ser fiel. A gente superaria isso junto.

Mas não deu para encarar o “concerto do seu computador”, o “encômodo” que você causava, muito menos a “conhecidência de termos nos conhecido”. Nunca mais queria uma coincidência dessas na minha vida.

Não lhe pedi muito. Não queria declarações com ênclises, mesóclises e próclises nos lugares certos. Não lhe pedi que usasse o pronome correto, respeitasse a concordância nominal, nem sequer que realizasse bom uso da crase. 

Tudo isso eu perdoava, que seria de nós se nos prendêssemos às regras intermináveis do português? Mas você me apareceu com um “vossê” e meu coração parou. E não de um jeito bom.

Entenda, não foi seu gosto musical. Não foram as baladas que você frequentava, seu jeito de me abraçar e seus sumiços. Não foi beijo insosso nem foi falta de química. É, não foi, com certeza, falta de química ou física.

Foi a falta do português. Da próxima vez, meu bem, conquiste-me com um dicionário. Porque, em todos os sentidos, uma língua bem usada é afrodisíaca.

(Colaboração de Roberto Freire)

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