Os atos secretos não têm fim. Como as cabeças da hidra, multiplicam-se. Administra-se um lote. Surge outro. E outro. E outro. O mais recente pacotão veio à tona na quarta-feira. Nada menos que 468 atos foram editados entre 1995 e 2000. A imprensa noticiou. Duas frases chamaram a atenção. Uma: “O presidente da época era o senador falecido Antônio Carlos Magalhães”. A outra: “O ex-senador Antônio Carlos Magalhães presidia o Senado”.
Ops! Senador falecido preside o Senado? E ex-senador pode assinar isso ou aquilo na Câmara Alta? Não. O xis da questão é o tempo. Os repórteres falam hoje de fato passado. Na época em que os atos secretos mereceram a canetada de Sua Excelência, ACM era presidente do Senado. Há jeito de informar sem pisar a clareza.
Quer ver? O presidente da época era o senador Antônio Carlos Magalhães, hoje falecido. O senador Antônio Carlos Magalhães presidia o Senado. O então senador ACM presidia o Senado. Em resumo: senador falecido ou ex-senador perderam o posto e a majestade. Não fazem nem acontecem.
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