A moçada saíra do vestibular. Mil vozes falavam ao mesmo tempo. Discutiam uma questão que encucou a cabeça de todos. Trata-se do grau do adjetivo. A pergunta exigia conhecimento de forma pra lá de sofisticada. Nada menos que o superlativo de sério e cheio. O nome está dizendo. É super, máximo — intenso como a paixão dos 20 anos. Rapazes e moças lembraram-se das aulas de português. Naqueles dias idos e vividos, o professor falou no tal superlativo absoluto sintético. O danado é cheio de poder. Uma só palavra diz tudo. Basta um sufixo. Em geral, o -íssimo resolve (belíssimo, limpíssimo, velhíssimo). Mas há palavras que pedem outro (facílimo, macérrimo, paupérrimo). Outras têm duas formas. Uma popular (negríssimo, docíssimo, nobríssimo). Outra erudita (nigérrimo, dulcíssimo, nobilíssimo). Uma das observações do professor deixou a turma encantada pelo ineditismo. Trata-se do super-super: o superlativo que dobra o i. Coisa rara. Só cinco ou seis adjetivos têm esse poder. Quais? Os terminados em –io no masculino: sério (seriíssimo), sumário ( sumariíssimo), frio (friíssimo), precário (precariíssimo), macio (maciíssimo), necessário (necessariíssimo).
Ops! A questão quis confundir a meninada. Junto com sério, introduziu cheio. Testou, assim, a malícia do candidato. Os adjetivos terminados em eio não têm nada com os de dose dupla. São vira-latas que pululam por aí sem charme. É o caso de cheio (cheíssimo) e feio (feíssimo). Eles têm a dose dupla (cheiíssimo e feiíssimo). Mas ninguém usa.
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