São Pedro é o menos festejado dos santos juninos. Por quê? Talvez porque os outros dois tenham mais apelo. Santo Antônio é casamenteiro. São João, festeiro. São Pedro mora muito longe, lá no céu. Tem tantos poderes que assusta.
Quando troveja, os pais dizem pros filhos que São Pedro está mudando os móveis de lugar. Quando chove canivetes, alguém murmura que São Pedro está de mau humor. Quando morremos, dependemos dele pra abrir a porta do céu.
Contam que o porteiro da morada eterna, antes de autorizar a entrada na casa do Senhor, pergunta sério: “Você foi feliz?” Se a resposta for sim, ele escancara o sorriso e a passagem. Se for não, para pra pensar. Manuel Bandeira ouviu essa história. “Que injustiça!”, exclamou ele. E pôs mãos à obra. Escreveu um poema doce como o mel.
Irene no céu
Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.
Imagino Irene entrando no céu:
— Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
— Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.
É pedra
Pedro não se chamava Pedro. Chamava-se Simão. Cristo mudou-lhe o nome: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja e te darei as chaves do reino dos céus”. Pedro é rocha. Em aramaico, a língua de Jesus, rocha é pedra.
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