Valha-nos, Deus! A bomba entrou com força total no noticiário. É carro-bomba pra cá, homem-bomba lá, mulher-bomba pracolá. Até criança-bomba pintou no pedaço. Não explodiu porque foi desarmada a tempo. Ops! O artefato chegou ao Congresso. No retorno dos parlamentares ao trabalho, só se fala num assunto — a pauta-bomba. O governo treme ao ouvir a ameaça. Teme que sejam aprovados projetos que engordem os já obesos gastos públicos. O presidente da Câmara considerou desaforo pôr em xeque a seriedade do Legislativo. Em discurso inflamado, disse que não estão em jogo pautas-bomba. Em seguida, duvidou do plural. Corrigiu pra pautas-bombas. Safou-se. Mas deixou a dúvida na cabeça de Suas Excelências. Bomba vai ou não para o plural? Vai e não vai.
Se ganhar o essezinho, a concordância entra no time dos vira-latas. Faz-se com o nome a que se refere: menino bonito, meninos bonitos; fruta cara, frutas caras; carro-bomba, carros-bombas; argumento-bomba-argumentos-bombas; pauta-bomba, pautas-bombas.
Sem o s, brinca de esconde-esconde. Oculta a expressão “que serve de”. Aí, o plural perde a vez. Carros (que servem de) bomba são carros bomba. Pautas (que servem de) bomba são pautas-bomba. Argumentos que servem de bomba são argumentos-bomba.
Moral da história: A alternativa de Henrique Eduardo Alves era acertar ou acertar.
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