Que coisa! Ao falar sobre a balbúrdia do Enem, o presidente disse que pode ser sabotagem. Sem saber, Sua Excelência buscou uma palavra árabe que deu muitas voltas até chegar ao português.
Sabotagem vem de sabbat. Na língua de Kalil Gibran, a dissílaba dá nome à madeira perfumada chamada sândalo. Com ela se faziam tamancos. Em francês, sabot. É aí que a história começa. Os camponeses, sem dinheiro pra comprar sapato de couro, usavam o de madeira. Com ele, pisavam as plantas tenras dos grandes proprietários. Daí nasceu sabotar — pisar com o tamanco.
A palavra cresceu e apareceu. Ganhou novas acepções. Designa, sobretudo, ato de destruição intencional de um trabalho ou de uma máquina. Sabotam-se projetos. Sabotam-se casamentos. Sabotam-se candidaturas. Sabotam-se acordos. Sabotam-se instalações industriais. Sabotou-se o Enem? Valha-nos, Deus!
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