DAD SQUARISI // dad.squarisi@correioweb.com.br
Morar em Brasília tem vantagens. Uma delas: conviver com o poder. Ministros, senadores, deputados, governador circulam como os demais mortais. Empurram carrinhos em supermercado, fazem compras em shopping, freqüentam restaurantes. Em suma: tiram o crachá de autoridade.
Dona Ruth não fugiu à regra. De vez em quando a gente a encontrava. Era difícil acreditar que a mulher discreta, de terninho e sapato baixo, era a moradora do Palácio da Alvorada. Na Academia de Tênis, enfrentava a fila do ingresso. Comprava, pagava e guardava o troco na bolsa. Se algum curioso ou admirador lhe dirigia a palavra, ela sorria solícita e falava as abobrinhas que se falam em salas de espera de cinema.
Entre as tantas qualidades e defeitos, uma marca se destacava. Dona Ruth era, sobretudo, professora. Ela acreditava. Sabia que aprender é mudar. E só muda quem quer. Por isso investia na capacidade de transformação das pessoas e das comunidades. Descobria a vocação de cada uma e aplicava esforços na atualização das potencialidades adormecidas.
Voltou-se, de um lado, para a geração de emprego e renda. E, de outro, para a capacitação e treinamento profissional dos mais pobres. Qualificava, elevava a auto-estima e inseria homens e mulheres no mercado de trabalho. Seu projeto dava o anzol, ensinava a pescar e multiplicava peixes e pescadores. Sem alarde, criou uma rede de proteção social hoje unificada no Bolsa Família.
As mulheres mereceram cuidado especial. A antropóloga que via longe promoveu programas capazes de diminuir a taxa de mortalidade materna, reduzir a gravidez precoce, prevenir doenças, ampliar a informação e diversificar o acesso aos meios contraceptivos seguros. Mais: incentivou o aumento da presença feminina na direção de partidos políticos, no Congresso Nacional e em altos cargos do Executivo.
Com a autoridade que não se compra em supermercado, a mestra separava com lucidez a vida privada da pública. Mal o marido assumiu a presidência, paparazzi a fotografaram de maiô na piscina do Alvorada. Ao se ver nas páginas dos jornais, ela reuniu a imprensa e fixou os limites da privacidade. Limites que ninguém ousou desrespeitar — nem os boateiros ao descobrirem o affair de FHC.
(artigo publicado na pág. 28 do Correio Braziliense)
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