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Recado

“Falar é fácil. Fazer é que são elas.”
Voz do povo
Pegadinha patriótica

Amanhã é o Dia da Pátria. Ah, coisa boa! Vem feriadão. Vêm desfiles. Muitos repetirão o muitas vezes repetido. Cantarão o Hino Nacional. Quantas vezes você, em posição de sentido, interpretou a obra de Osório Duque Estrada e Francisco Manuel da Silva? Um montão, claro. Por isso ela é pra lá de conhecida. E por isso, também, o primeiro verso cai em prova de concurso. Trata-se de pegadinha.
Ei-la:
Recado

“Falar é fácil. Fazer é que são elas.”
Voz do povo
Pegadinha patriótica

Amanhã é o Dia da Pátria. Ah, coisa boa! Vem feriadão. Vêm desfiles. Muitos repetirão o muitas vezes repetido. Cantarão o Hino Nacional. Quantas vezes você, em posição de sentido, interpretou a obra de Osório Duque Estrada e Francisco Manuel da Silva? Um montão, claro. Por isso ela é pra lá de conhecida. E por isso, também, o primeiro verso cai em prova de concurso. Trata-se de pegadinha.
Ei-la:
Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante

A questão é esta: qual o sujeito do verbo ouvir? A moçada chuta a torto e a direito. A Lei de Murphy faz a festa. O que pode dar errado dá. Há jeito de escapar da cilada? Há. Basta pôr a frase na ordem direta:
As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico.

Fácil, não? Quem ouviu? As margens plácidas do Ipiranga. Não estranhe. Em literatura até margem pode ouvir. É um truque. Chama-se personificação.
Adeus, Feira do Livro

Brasília se despede da Feira do Livro de 2006. Amanhã será o último dia. Quem andou por lá não deixa dúvida. Gosta de ler. Passeia por palavras, parágrafos e páginas. Admira ilustrações. Toca capas duras e moles. É bom pra danar, não? A gente viaja, se diverte, manda as preocupações pras cucias. De quebra, enriquece o vocabulário e escreve melhor. É uma festa pros olhos e pra vida. Viva!
Mas o verbo ler exige um cuidado. Olho no presente do indicativo. Melhor: olho na 3ª pessoa. No singular, temos: ele lê. No plural, eles lêem. Prestou atenção na manha? Em , o verbo termina em e e ganha acento. No plural, dobra o e e mantém o grampinho. É dose dupla.
Invejosos

Outros verbos jogam no time de ler. Na 3ª pessoa do singular, terminam em ê. Na 3ª do plural, dobram o e e conservam o chapeuzinho. Os mais conhecidos são ver, crer e dar:
ele vê — eles vêem
ele crê — eles crêem
ele dê — eles dêem

Olho vivo

A língua adora armar ciladas. Ao menor descuido, pega o bobo na casaca do ovo. Não caia na dela. Os verbos ter e vir não têm nem parentesco com ler, ver e crer. Observe:
ele tem — eles têm
ele vem — eles vêm
Cumplicidade

Vitória e João Marcelo são namorados. Outro dia, ela escreveu uma carta pra ele. Disse que tinha estudado à bessa. O garoto estremeceu. O coração gelou. Mas gostava tanto da garotinha… O que fazer? Bancou o esperto. Perguntou:
— Bessa se grafa assim? Não sabia. Sempre escrevi com ç. Vamos dar uma espiadinha no dicionário?
Lá estava: à beça. Com ç. Grata, Vitória mandou um cartão: “Gosto de você à beça”. Com ç. João Marcelo vibrou. Os dois estão juntos até hoje.
Moral da história: alguns chamam o dicionário de pai dos burros. Bobeiam. Aurélios, Houaiss & cia. são pais dos inteligentes. Gente igualzinha ao João Marcelo e à Vitória.
Bateu no teto

Salário? Valha-nos, Deus! É uma briga sem fim. No serviço público, ninguém pode ganhar mais que o presidente do Supremo Tribunal Federal. O valor do contracheque dele é o teto. Muitos abusam. Vão além. A imprensa denuncia. Fala em teto máximo. Dá bobeira. Teto máximo é pleonasmo como subir pra cima ou descer pra baixo. Só se pode subir pra cima e descer pra baixo. Teto é o maior salário. Teto máximo? Cruz-credo! O máximo sobra. Xô, satanás!

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante

A questão é esta: qual o sujeito do verbo ouvir? A moçada chuta a torto e a direito. A Lei de Murphy faz a festa. O que pode dar errado dá. Há jeito de escapar da cilada? Há. Basta pôr a frase na ordem direta:
As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heróico.

Fácil, não? Quem ouviu? As margens plácidas do Ipiranga. Não estranhe. Em literatura até margem pode ouvir. É um truque. Chama-se personificação.
Adeus, Feira do Livro

Brasília se despede da Feira do Livro de 2006. Amanhã será o último dia. Quem andou por lá não deixa dúvida. Gosta de ler. Passeia por palavras, parágrafos e páginas. Admira ilustrações. Toca capas duras e moles. É bom pra danar, não? A gente viaja, se diverte, manda as preocupações pras cucias. De quebra, enriquece o vocabulário e escreve melhor. É uma festa pros olhos e pra vida. Viva!
Mas o verbo ler exige um cuidado. Olho no presente do indicativo. Melhor: olho na 3ª pessoa. No singular, temos: ele lê. No plural, eles lêem. Prestou atenção na manha? Em , o verbo termina em e e ganha acento. No plural, dobra o e e mantém o grampinho. É dose dupla.
Invejosos

Outros verbos jogam no time de ler. Na 3ª pessoa do singular, terminam em ê. Na 3ª do plural, dobram o e e conservam o chapeuzinho. Os mais conhecidos são ver, crer e dar:
ele vê — eles vêem
ele crê — eles crêem
ele dê — eles dêem

Olho vivo

A língua adora armar ciladas. Ao menor descuido, pega o bobo na casaca do ovo. Não caia na dela. Os verbos ter e vir não têm nem parentesco com ler, ver e crer. Observe:
ele tem — eles têm
ele vem — eles vêm
Cumplicidade

Vitória e João Marcelo são namorados. Outro dia, ela escreveu uma carta pra ele. Disse que tinha estudado à bessa. O garoto estremeceu. O coração gelou. Mas gostava tanto da garotinha… O que fazer? Bancou o esperto. Perguntou:
— Bessa se grafa assim? Não sabia. Sempre escrevi com ç. Vamos dar uma espiadinha no dicionário?
Lá estava: à beça. Com ç. Grata, Vitória mandou um cartão: “Gosto de você à beça”. Com ç. João Marcelo vibrou. Os dois estão juntos até hoje.
Moral da história: alguns chamam o dicionário de pai dos burros. Bobeiam. Aurélios, Houaiss & cia. são pais dos inteligentes. Gente igualzinha ao João Marcelo e à Vitória.
Bateu no teto

Salário? Valha-nos, Deus! É uma briga sem fim. No serviço público, ninguém pode ganhar mais que o presidente do Supremo Tribunal Federal. O valor do contracheque dele é o teto. Muitos abusam. Vão além. A imprensa denuncia. Fala em teto máximo. Dá bobeira. Teto máximo é pleonasmo como subir pra cima ou descer pra baixo. Só se pode subir pra cima e descer pra baixo. Teto é o maior salário. Teto máximo? Cruz-credo! O máximo sobra. Xô, satanás!

Dad Squarisi

Publicado por
Dad Squarisi

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