Horror em Uberaba. Bandidos explodem banco, fazem reféns e trocam tiros na cidade mineira. Que medão. No meio do tumulto, alguém perguntou se refém tem acento. Tem. E reféns? Também tem. Por que item e itens não têm? A história vem de longe.
Quando o português usava fraldas, era pra lá de difícil acertar a sílaba tônica dos vocábulos. Rubrica ou rubrica? Nobel ou Nóbel? Ibero ou íbero? Que dor de cabeça! Como aliviá-la? As palavras se reuniram em conselho. Discute daqui, briga dali, firmaram este trato:
Artigo 1º — As terminadas em a, e e o, seguidas ou não de s, são paroxítonas: casa, casas, bife, bifes, livro, livros.
Artigo 2º — As terminadas em i e u, seguidas ou não de qualquer consoante, são oxítonas: tupi, partir, caju.
Artigo 3º — Quem se opuser ao acordo será punido com acento gráfico.
Reação
As primeiras a reclamar foram as proparoxítonas. Sem nenhuma vogal sobrando, a adesão seria a morte. Por isso são todas acentuadas: lâmpada, satélite, álibi, fósforo.
As oxítonas também não gostaram do acerto. Elas foram brindadas com duas vogais. As paroxítonas, com três. Por essa razão a maior parte das palavras em português é paroxítona.
Oxítonas e paroxítonas são inimigas até hoje. O que acontece com umas não acontece com as outras. Ocorrem, então, fatos estranhos. Hífen e éden têm acento. Mas hifens e edens não têm. Trata-se da velha briga. As oxítonas terminadas em em e ens são acentuadas (refém, reféns, armazém, armazéns). As paroxítonas não (item, itens, hifens, edens).
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