O leitor é quem manda
O verbo escrever é transitivo direto e indireto. Quem escreve escreve alguma coisa para alguém. O objeto direto varia. Posso escrever uma carta, uma dissertação, um poema, uma receita, um artigo para o jornal. Para quem?
A resposta é muito importante. Para os leitores do jornalzinho da escola? Para o colega de sala? Para o jardineiro do vizinho? Para o professor? Para o namorado? Para você mesmo? Que responsabilidade!
Imagine a situação. Você tem uma receita de sorvete. Vai passá-la para três receptores diferentes: a cozinheira da sua casa, que tem só o 3º ano do ensino fundamental; a mãe de seu colega, professora da UnB; e os leitores da revista Playboy.
Convenhamos. A receita é a mesma. Mas sairão três redações diferentes. A primeira, no nível da empregada. (Se ela não a entender, nada de sobremesa.) A segunda, mais elaborada. A última, cheia de sofisticação e malícia.
Por que três versões? Porque a gente dança conforme a música. Escreve para o leitor. O assunto e o texto têm que estar adaptados a ele. Se não, o recado deixa de ser dado. Não vale dizer “ele não me entendeu”. Diga “Não me fiz entender”.
Imagine a situação. Um professor vai escrever a história do descobrimento do Brasil. Uma versão para alunos da 2ª série do ensino fundamental. A outra, alunos da USP. Os textos serão diferentes, concorda? Se o autor trocá-los, os pequeninos não entenderão nada. Os grandes morrerão de rir.
No concurso ou no vestibular, quem é seu leitor? Professores que formam a banca examinadora. Eles esperam este desempenho seu: que você dê o seu recado. Com simplicidade, correção e clareza.
É isso. Ao escrever uma redação, a gente dança conforme a música. A música é o leitor. Olho nele ao definir o tópico.
Teste
Você vai escrever uma redação sobre o tema estudo. O texto se destina a pré-vestibulandos. Qual o tópico mais adequado aos leitores?
Com o estudar mais em menos tempos.
b. Muitos estudantes concluem o ensino fundamental sem estar totalmente alfabetizados.
A resposta? Aguarde.
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