Redação 23

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Frase paralela

O corpo fala. E dá lições. Uma delas: as partes que exercem função igual têm estrutura igual. No rosto, temos dois olhos, dois ouvidos, duas narinas. Um par exerce o mesmo papel que o outro. Os olhos vêem. Os ouvidos ouvem. As narinas cheiram.

Por exercerem a mesma função, o casalzinho tem a mesma forma. Um olho é do tamanho e da cor do outro. Um ouvido é do tamanho e formato do outro. Uma narina tem a cara e o focinho da outra.

No resto do corpo, a história se repete. Temos duas mãos, dois braços, dois pés e duas pernas. Um e outro exercem a mesma função. As mãos seguram. Os braços abraçam. Os pés pisam. As pernas andam. Por isso, têm a mesma forma. Um braço é gêmeo univitelino do outro. Braços, pés, pernas e dedos também.

A língua é boa aluna. Sabida, aprende a lição rapidinho. Termos e orações com funções iguais ganham estruturas iguais. Por exemplo: se o verbo pede dois objetos diretos, há dois caminhos. Um deles é dar-lhes a forma de nome. Outra, de oração.

Veja:

O presidente negou interesse na reeleição e que o governo esteja sem rumo.

O verbo negar é transitivo direto. Pede objeto direto. No caso, são dois objetos. Um: o interesse na reeleição. O outro: que o governo esteja sem rumo.

Reparou? Houve desrespeito à lei do paralelismo. Os dois ­ interesse na reeleição e que o governo esteja sem rumo ­ são objetos diretos do mesmo verbo (negar). Mas têm estruturas diferentes. Um é nominal. O outro, oracional.

Em suma: misturaram-se alhos com bugalhos. Para corrigir o aleijão, só há uma saída ­ dar a mesma estrutura aos dois objetos:

Estrutura nominal: O presidente negou interesse na reeleição e falta de rumo no governo.

Estrutura oracional: O presidente negou que tivesse interesse na reeleição e que o governo estivesse sem rumo.

É isso: lá com lé, cré com cré. Cada sapato no seu pé.


Teste

Os termos estão pra lá de paralelos na frase:

a. Os trabalhadores precisam assegurar o poder de compra dos salários e que sejam garantidas as conquistas trabalhistas.

b. Os trabalhadores precisam assegurar o poder de compra dos salários e a garantia das conquistas trabalhistas.

A resposta? Logo, logo. Até lá.

Dad Squarisi

Publicado por
Dad Squarisi

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