A linha que separa a redação nota zero da redação nota mil é tênue. Quase sempre o fracasso na produção de texto não se deve ao desconhecimento do tema ou a tropeços na língua. Deve-se à desobediência às orientações. Bobear é proibido. Dar jeitinhos também. O caminho para não morrer na praia é um só: ler, entender e aplicar as ordens tim-tim por tim-tim. Vamos a elas?
1. O candidato pode fazer rascunho?
Pode e deve. Mas é proibido fazê-lo em qualquer lugar. Há uma folha destinada a ele. Use-a. Ali você escreve, reescreve, rabisca, corta, borra, rasura, escreve por cima. O espaço é todo seu. Ninguém tem nada a ver com ele.
2. Como deve ser apresentado o texto definitivo?
O texto definitivo é o que será avaliado pela banca examinadora. Com ele, todo o cuidado é pouco. Siga estas dicas:
1. escreva-o na folha própria.
2. escreva-o a tinta. Escolha uma caneta familiar, de que goste muito. Deixe em casa a caneta novinha, cujas manhas você ainda não conhece. Ela pode atrapalhar seu raciocínio e roubar minutos preciosos da revisão. Xô!
3. o texto deve ter até 30 linhas. Preste atenção ao “até”. Significa que perde pontos quem ultrapassar o tamanho determinado. Pode ser um pouco menos de 30 linhas. Mas nenhuma mais.
3. O candidato pode copiar trechos apresentados na prova ou nos textos motivadores?
Não. Não. Não. Nada de cópia. Cada linha copiada será alvo de punição. Você perde pontos e, valha-nos, Deus, pode perder a prova. Você pode utilizar dados ou citar uma ou outra frase entre aspas.
4. O que leva à nota zero?
Guarde isto: nota zero é mais resultado de bobeira que de ignorância. As instruções apresentam cinco descuidos que anulam a obra que lhe deu tanto trabalho. Ei-los:
1. se a redação for “insuficiente”. O que é isso? Se o texto tiver menos de sete linhas. Vamos combinar? Sete linhas é muito pouco. Vá além, muito além. Chegue às 30. Ou bem próximo das 30. Lembre-se: você não só precisa se sair bem na prova. Precisa se sair melhor que os concorrentes. Lute para chegar na dianteira.
2. se a redação fugir ao tema. É lógico, não? Se o enunciado pede um assunto e o candidato apresenta outro, não dá outra. O examinador pensa que ele levou o texto decorado. Para não correr risco, leia o tema uma vez, duas vezes, três vezes, muitas vezes. Leia-o até entendê-lo. Antes de escrever, diga baixinho, com suas palavras, o que está sendo pedido. Imagine que esteja falando sobre o assunto com sua mãe, seu pai, seu amigo ou seu irmãozinho. Assim, você ganha intimidade com o tema. Mil ideias vêm à cabeça. Viva!
3. se a redação “não atender ao tipo dissertativo-argumentativo”. Seu texto terá de defender uma tese. Dado um tema, você precisa tomar posição clara — de preferência, a favor ou contra. É importante justificar sua posição com argumentos. Prove, demonstre, convença.
4. se a redação “apresentar proposta de intervenção que desrespeita os direitos humanos”. Direitos humanos se referem à dignidade da pessoa. (Dê uma olhadinha na coluna passada. Ali você encontra explicação legal.)
5. se a redação “apresentar parte do texto deliberadamente desconectada com o tema proposto”. No texto, as palavras, as frases e os parágrafos conversam, batem papo pra lá de amigável. Se entra um estranho sem se anunciar, rompe-se a harmonia. Lembra-se do bobão que introduziu, no meio do texto, uma receita de Miojo? Vacilou. Quis bancar o esperto. Pagou caro.
5. Como deve ser o texto?
O texto deve ter começo, meio e fim. Três palavrinhas definem cada uma. É diga-diga-diga. Na introdução, diga o que você vai dizer. No desenvolvimento, diga o que você prometeu dizer. Na conclusão, diga o que você disse. Encerre a redação com charme.
O Blog da Dad postou ontem seis posts que lhe ensinam o passo a passo da redação nota 1000. Siga-os pela ordem (1, 2, 3, 4, 5, 6). No fim, você chegará à única conclusão possível: escrever não é nenhum bicho de sete cabeças. É fácil como andar pra frente.
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