“Prefiro ser criticado a me omitir”, disse o governador de São Paulo. Em entrevista à Veja, Geraldo Alkmin falou sobre a internação compulsória dos viciados em crack adotada pelo estado. Polêmica, a medida dividiu os especialistas. Alguns defendem o direito de escolha. Ninguém pode ser privado da liberdade sem o próprio consentimento. Outros alegam a hierarquia de valores. A proteção à vida está acima da proteção à liberdade.
Enquanto os entendidos se digladiam, a coluna se detém no verbo. Alkmin acertou na regência. A gente prefere uma coisa a outra (nunca do que outra): Prefiro ser criticado a me omitir. Marcelo prefere cinema a teatro. João sempre preferiu música erudita a música popular. Prefiro sair a ficar em casa.
O xis da confusão
Simples, não? Tão simples quanto tirar chupeta de bebê. Ou aumentar os impostos no Brasil. Por que, então, tanta gente troca tanto a regência do trissílabo? A resposta se chama o contágio. Preferir lembra gostar. Gosta-se mais de uma coisa do que de outra. Gosta-se mais de uma pessoa do que de outra. Gosta-se mais de uma ação do que de outra: Gosto mais de teatro que de cinema. Ele gostava mais de ficar em casa que de sair. João gosta mais de música erudita; Rafa, de popular.
Outro contágio
A gente gosta mais. Mas não prefere mais (preferir é gostar mais). Por isso, fuja do tal “preferir mais”. É contágio. Fique apenas com o preferir: Prefiro pão a bolo. Ele prefere falar a ouvir. Nós preferimos andar sós a andar com maus elementos. E vocês?
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