Sofrer? Nem pensar. A gente foge da dor como vampiro do crucifixo. A língua ajuda. Permite às criaturas falar sem dizer. Com a certeza de que as palavras são bruxas com o poder de atrair o bem ou o mal, os falantes recorrem a eufemismos. Adoçam o termo. Em vez de pronunciar a amedrontadora morte, preferem partida, viagem, desencarne, passagem, ida desta pra melhor. Manuel Bandeira se referiu à “indesejada das gentes”. Os malandros, que escondem o pânico atrás da gozação, apelam para pijama de madeira, espichar as canelas & cia. divertida. Também rimam: “Morreu? Antes ele do que eu”.
A língua é pra lá de sociável. Conversa sem se cansar. E, no vai e…
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