Cláudio morreu. A namorada chorou. Os amigos ficaram com pena da moça. Para consolá-la, mandaram-lhe cartas, cartões e e-mails. Chamou-lhe a atenção o endereçamento. Ora aparecia “A Marcela”. Ora, “À Marcela”. Ela ficou intrigada. O grampinho existe ou não? Responda pra moça:
a. Existe. b. Não existe. c. É facultativo.
Marcou a letra c? Pra lá de certo. Você está a par das manhas do acento grave. Preferiu outra letra? Nada feito. Vale a pena dar uma estudadinha no assunto. Gastos alguns minutos, o tema vai pro papo. E questões como a apresentada tornam-se tão fáceis quanto andar pra frente. Olha a região
Crase é como aliança no anular esquerdo. Indica casamento. No caso, a preposição a se encontra com o artigo a. Felizes, as caras-metades unem-se para sempre.
Para juntar os trapinhos, dois requisitos se impõem. Um: uma palavra que exija a preposição a. O outro: um nome feminino usado com artigo.
Eis o xis da questão. Nome próprio pede artigo? Depende da região. Os nordestinos não suportam pôr o a na frente do nome. Dizem:
Encaminhei as cartas para Maria.
Maria saiu.
Paulo é irmão de Luzia.
Os sulistas, só pra contrariar, adoram o azinho:
Encaminhei as cartas para a Maria.
A Maria saiu.
Paulo é irmão da Luzia.
Por isso, usar o sinal da crase antes de nome de mulher é facultativo. Depende do gosto do freguês: Encaminhou as cartas a Marcela. Encaminhou as cartas à Marcela. Dirigiu-se a Luzia. Dirigiu-se à Luzia.
Moral da história: Marcela tem amigos de diferentes regiões.
A língua é pra lá de sociável. Conversa sem se cansar. E, no vai e…
Porcentagem joga no time dos partitivos como grupo, parte, a maior parte. Aí, a concordância…
O nome do mês tem origem pra lá de especial. O pai dele é nada…
Terremoto tem duas partes. Uma: terra. A outra: moto. As quatro letras querem dizer movimento.…
As línguas adoram bater papo. Umas influenciam as outras. A questão ficou tão banalizada que…
Nome de tribos indígenas não tem pedigree. Escreve-se com inicial minúscula (os tupis, os guaranis,…