Oba! Há vaga no Superior Tribunal Militar. Quem se sentará na cadeira de ministro? O general Raimundo Nonato ganhou a indicação. Em sabatina no Senado, pisou a bola: “Os quartéis não devem aceitar gays”, disse sem pestanejar. Na mesma ocasião, o almirante Álvaro Luiz Pinto seguiu a trilha. Declarou não ter nada contra homossexual se “ele manter a dignidade”. Ops! Eles esqueceram a Constituição. Nossa Carta proíbe discriminação.
Mais: Álvaro Luiz ignorou velha lição da escola primária. Em tempos idos e vividos, indicativo e subjuntivo estavam na ponta da língua da meninada. Hoje a história é outra. Ninguém ensina. Ninguém aprende. Uma das vítimas dos novos tempos são os derivados do verbo ter. Os infelizes sofrem maus-tratos na grafia e na conjugação.
A 3ª pessoa do presente do indicativo é freguesa dos descuidados (ele contém, eles contêm; ele retém, eles retêm; ele detém, eles detêm, ele mantém, eles mantêm). Outro freguês é o futuro do subjuntivo. Ao dizer “se ele manter”, o almirante prova desconhecer o pai do sofisticado tempo. Trata-se da 3ª pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo sem o am- final: eu tive (mantive), ele teve (manteve), nós tivemos (mantivemos), eles tiver (mantiveram).
Resumo da tragicomédia: tolerância e língua podem andar de mãos dadas. Cá entre nós — formam bela parceria.
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