Os bancos dobram os lucros. A balconista dobra a roupa. O argumento dobra o chefe. O jogador dobra a bola. O fiel dobra os joelhos . O filho dobra a alegria dos pais. O sol dobra no horizonte. O garoto malcriado? Dobra a língua. E o sino? O sino badala. Mas também dobra.
Heminguay escreveu o livro Por quem os sinos dobram. Nele retrata o horror da Guerra Civil Espanhola. Na escolha do título, inspirou-se nos versos de John Donne: “A morte de qualquer homem me amesquinha porque faço parte da humanidade. Portanto nunca manda saber por quem os sinos dobram. Eles dobram por ti”.
Os sinos sempre dobram em atos fúnebres? A dúvida é do José Jacinto de Alcântara, de Belô. Os dicionários respondem. O Houaiss registra dobrar na acepção de soar os sinos. Não faz nenhuma referência à passagem desta pra melhor. O Aurélio vai além. Diz que dobrar é soar o sino “dando volta sobre o eixo (oque geralmente é sinal de morte)”.
Em suma: o uso consagrou badalar como toque festivo. E dobrar, triste. Mas a acepção do dissílabo pode ser neutra. Simplesmente soar.
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