Outro dia, o Alexandre entregou os pontos. “Chega! Desisto! O ponto e vírgula me venceu. Já matei a charada de todos os sinais. A vírgula é uma parada pequena. O ponto é coisa mais séria, pausa prolongada. As reticências são sonhadoras, suspiros apaixonados. A exclamação e a interrogação traduzem dúvida ou contentamento. E o ponto e vírgula? Para que serve?”
A dúvida não é só do Alexandre. Passeie os olhos por jornais e revistas. Raramente você verá esse sinalzinho casado. Por quê? Poucos sabem empregá-lo. Ele é muito sofisticado.Veríssimo disse que nunca usou a duplina. E ela nunca lhe fez falta. Mário Quintana escreveu: “A Maria Eugênia é muito inteligente. Ela sabe usar ponto e vírgula”.
Basicamente, o ponto e vírgula tem dois empregos.
O primeiro
Separa termos de uma enumeração. Nesse caso, é arroz de festa de leis, decretos, portarias. Até Deus o usou:
São mandamentos do Senhor: a. Amar a Deus sobre todas as coisas; b. Não tomar seu santo nome em vão; c. Honrar pai e mãe; d. Não matar; e. Não roubar; f. Não desejar a mulher do próximo.
Reparou? O casadinho fica no meio do caminho. No lugar dele poderia estar a vírgula. Ou o ponto. Por isso, muitos nem se preocupam em empregá-lo. No aperto, partem pra outra. E se dão bem. O segundo
Torna o texto mais claro. Com isso, facilita a vida do leitor. Quer ver? Examine esta frase: João trabalha no Senado, Pedro trabalha na Assembleia, Carlos trabalha no banco, Beatriz trabalha na universidade, Alberto trabalha no shopping. A frase está correta e clara. As vírgulas separam as orações coordenadas. Mas a repetição do verbo torna-a cansativa. O que fazer? Há uma saída. A gente mantém o trabalha na primeira oração. E mete-lhe a faca nas demais. No lugar deles, põe a vírgula:
João trabalha no Senado, Pedro, na Assembleia, Carlos, no banco, Beatriz, na universidade, Alberto, no shopping.
Viu? À primeira vista, virou o samba do crioulo doido. Quem bate o olho na frase não entende nada. O jeito é recorrer ao ponto e vírgula. Ele vai separar as orações coordenadas:
• João trabalha no Senado; Pedro, na Assembleia; Carlos, no banco; Beatriz, na universidade; Alberto, no shopping.
Chique, não? Veja mais dois exemplos:
• Eu estudo na USP; Maria, na UFP. • Alencar escreveu romances; Drummond, poesias.
É isso.
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