A briga pegou fogo. De um lado, o chefe. De outro, o revisor. O pomo de discórdia: o emprego de todo. Está certa a frase ‘Maria está todo inchada’? Ou seria ‘toda inchada’?
O todo tem dois empregos. Um deles não oferece dificuldade. Pronome, acompanha o substantivo. E concorda com ele: Toda nudez será castigada. Todo homem é mortal.
Às vezes, o danado modifica o adjetivo ou o verbo. Vira advérbio. Passa a valer por totalmente: Ele está todo (totalmente) inchado. Ele molhou-se todo (totalmente).
A questão: como fica o feminino? E o plural? Se é advérbio, não deveria variar. Mas todo goza de privilégios. Pode flexionar-se. A mágica tem nome. É flexão eufônica (para soar bem). Ou flexão por atração: Ele lambuzou-se todo. Eles lambuzaram-se todos. Ela lambuzou-se toda. Elas lambuzaram-se todas. Ele está todos feliz. Ela está toda feliz.
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