O bate-boca pega fogo no Senado. É Vossa Excelência pra lá, Vossa Excelência pra lá, Vossa Excelência pracolá. Mas o excelso pronome não esconde maldades, xingamentos e deselegâncias. Colegas, vizinhos, empresários, parentes, todos levam. Nem cozinheiros escapam. Outro dia, especialista de forno e fogão entrou na pancadaria. Demóstenes Torres definiu a CPI da Petrobras de “pizza temperada com pré-sal”. Lula não gostou. Devolveu na bucha:
— Enquanto a oposição grita, eu trabalho. Eles é que são bons pizzaiolos.
Atingidos no brio, senadores protestaram. Pediram a palavra e ocuparam a tribuna. “Pizzaiolo é ele”, respondeu Álvaro Dias com argumento de menino. “Eu não sou nem descendente de italiano”, brincou Garibaldi Alves Filho. Cristovam Buarque soltou o verbo:
— O presidente disse que esta Casa não vale nada. Usa expressão italiana. Eu me sinto profundamente ofendido. Não posso permitir que o presidente chame os senadores com esse adjetivo.
Ops! O plenário calou-se. Cessou tudo que a musa antiga cantava. A razão: o professor trocou as bolas. Ou melhor, trocou as classes. Classificou pizzaiolo de adjetivo. Bobeou. O cozinheiro que faz a delícia de massa e queijo é substantivo.
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