Dilma
A presidente estava irritada. Os entrevistadores, ansiosos. Três pancadas caíram pesado na língua. Dois bateram na concordância. O outro, na correlação verbal:
1. No Ideb, melhorou os anos iniciais.
Dilma caiu em cilada pra lá de vira-lata. Chama-se colocação. Com o sujeito depois do verbo, o falante se descuida do mandachuva da concordância. Aí, não dá outra. Bobeia. Posto no lugarzinho dele, o sujeito ilumina o caminho nota 10: No Ideb, os anos iniciais melhoraram.
2. Os juros de mercado é 25%.
Ops! A língua é pra lá de generosa. Não raro, dá aos falantes possibilidades de escolha. O leque abrange concordâncias, regências, grafias. Podemos dizer, por exemplo, tudo é flores ou tudo são flores. Podemos atender o telefone ou atender ao telefone. Podemos falar em juro ou juros.
Foi aí que a presidente pisou a bola. Liberdade não se confunde com libertinagem. Juro é singular. Exige o verbo no singular. Juros é plural. Exige o verbo no plural: O juro de mercado é 25%. Os juros de mercado são 25%.
3. Se eu soubesse que ele era corrupto, ele estava imediatamente demitido.
Sua Excelência se referia a Paulo Roberto Costa. O ex-diretor da Petrobras aceitou colaborar com as investigações da polícia. O homem-bomba, claro, figurou na entrevista. Dilma disse que não sabia de nada. Na resposta, dois escorregões. Uma: a repetição do sujeito (ele). A segunda: a correlação verbal. Melhor fazer as pazes com a língua: Se eu soubesse que era corrupto, ele estaria imediatamente demitido.
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