É festa. Os brasileiros comemoram o centenário de Nelson Rodrigues. O jornalista, dramaturgo e cronista era, sobretudo, um senhor frasista. Deixou ditos provocadores. Eles têm um denominador comum. São desconfortavelmente verdadeiros. Eis uma amostra grátis:
“A companhia de um paulista é a pior forma de solidão.”
“Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar.”
“Tarado é toda pessoa normal pega em flagrante.”
“O marido não deve ser o último a saber. O marido não deve saber nunca.”
“Dinheiro compra tudo. Até amor verdadeiro.”
“O Natal já foi festa, já foi um profundo gesto de amor. Hoje, o Natal é um orçamento.”
“Não admito censura nem de Jesus Cristo.”
“O que atrapalha o brasileiro é o próprio brasileiro. Que Brasil formidável seria o Brasil se o brasileiro gostasse do brasileiro.”
“Um time que tem Pelé é tricampeão nato e hereditário.”
“A maioria das pessoas imagina que o importante, no diálogo, é a palavra. Engano. O importante é a pausa. É na pausa que duas pessoas se entendem e entram em comunhão.”
“Não reparem que eu misture os tratamentos de tu e você. Não acredito em brasileiro sem erro de concordância.”
“Se eu tivesse que dar um conselho, diria aos mais jovens: “Não façam literatice. O brasileiro é fascinado pelo chocalho da palavra.”
“Conselho aos jovens: cresçam.”
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