Muita gente não pronuncia a palavra morte nem a pedido do Senhor. Um deles é Manuel Bandeira. Ele falou em “a indesejada das gentes”. Guimarães Rosa disse que a gente não morre. “Fica encantada”. Álvaro Moreira escolheu “ir na frente”. O povo não se aperta. Apela para ocaso, partida, passamento, trânsito, viagem, passar desta pra melhor, ir para a companhia do Senhor. O malandro esconde o medo atrás da gozação. Diz bater as botas, espichar a canela, vestir terno de madeira.
Moral da história: as denominações têm um denominador comum. São eufemismos.
Palavra adocicada
Eufemismo, eutanásia e eufonia têm a mesma origem. São gregas. Meio-irmãs, as três exibem o prefixo eu-. O pequenino é gente fina. Quer dizer bom ou bem. Eutanásia significa boa morte. Eufonia, o bom soar das palavras. Eufemismo, a melhora na acepção do termo.
A razão
Por que recorrer ao eufemismo? Muitos acreditam que as palavras têm função mágica. Se negativas, têm efeito negativo. Falou? Não dá outra. Atraiu. Disse diabo? Valha-nos, Deus! O capeta aparece. Pronunciou câncer? Melhor se benzer, ou bater na madeira. Pra não correr riscos, melhor ficar com as iniciais ca. Fazer o quê?
O jeito é adocicar o termo — buscar vocábulos ou expressões mais brandos pra exprimir a mesma ideia. “As palavras”, diz Camélia Dib, “são tão fortes que viram verdade. Por isso só diga ou pense palavras boas, generosas, de alto astral.”
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