Carrapato coladinho
Dad Squarisi
O que os velhos professores queriam? Muitas coisas. Entre elas, um programa eleitoral diário. Com ele, as lições ganhariam atualidade. Os alunos teriam aulas práticas. Aprenderiam no dia a dia conceitos distantes como a China de Marco Polo. Noções abstratas virariam arroz com feijão bife e batata frita.
O aposto, por exemplo. Lembra-se? Trata-se daquele velho carrapato que vem coladinho ao nome. Ás vezes, ele é suficiente para identificar a pessoa. “Pai dos pobres” virou sinônimo de Getúlio Vargas. “Presidente bossa nova”, de JK. “Senhor Diretas”, de Ulisses Guimarães. “O presidente com o pé na cozinha”, de FHC. “Lulalá”, de Lula. “A mãe do PAC”, de Dilma Rousseff.
O termo (quem diria!) remete a Aristóteles. O pensador grego separava o joio do trigo. Distinguia História e ficção. A História, dizia ele, conta o que os homens foram. É pão pão, queijo queijo. A ficção joga em outro time. Fantasiosa, não tem compromisso com a verdade. Fala do que as criaturas queriam ser. Ou poderiam ser.
Semelhança com o universo dos candidatos não é mera coincidência. Eles vivem no mundo do faz de conta. Por isso são doidinhos por aposto. Os candangos não ficam atrás. Uns contrataram marqueteiros. Outros consultaram numerólogos. Alguns recorreram a bruxos. Resultado: Cristovam virou o senador 123. Rollemberg, o nosso senador. Fraga, o linha-dura. Agnelo, o governador da turma do Lula. Roriz, o governador da mudança.
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