Viva o povo brasileiro
Dad Squarisi
Oba! No ar, o programa eleitoral gratuito. Os presidenciáveis se apresentam. São 11. Oito parecem meteoros. Surgem, prometem milagres, batem asas e voam. Os outros dispõem de mais tempo. Eduardo Campos ressuscita e reafirma promessas. Dilma e Aécio têm complexo de Deus. Ela fez e aconteceu. Ele acha pouco. Fará mais. Ela, mais ainda.
Na tela, coisas de campanha. Faixas, bandeiras, santinhos. E, claro, a grande vedete — o povo. Povo? Que povo? Alguns o chamam de povinho. Outros, de zé-ninguém. Massa serve. Povão também. Na França foi denominado de terceiro estado — tudo que não era clero nem nobreza.
Aqui ganhou outras especificações. “Apenas um detalhe”, rotulou-o Zélia Cardoso de Mello. “É o dono da Praça Castro Alves”, cantou Caetano. “É o porta-voz do Senhor”, afirmam os pais de santo. E explicam: “A voz do povo é a voz de Deus.
Seja como for, é comovente. Os corações moles derramam oceanos de lágrimas. Os durões também. Ninguém resiste a tanto afeto. Sobram abraços, beijos e juras de gratidão. Os louquinhos pelo Planalto só falam “esse país, nesse país”. E dá-lhe povo.
Alguém (do povo) pergunta: “A que país eles se referem? Outro (do povo) responde: “Este país não é. Deve ser uma Suécia melhorada”.
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