Maravilha tem sinônimos. Um deles: fascínio. Outro: perfeição. Muitos outros: admiração, deslumbramento, êxtase, primor, fenômeno, milagre. O mundo tem maravilhas. Há as antigas, as medievais e as modernas. As mais vetustas ganharam notoriedade um século e meio antes de Cristo. Lá se vão 2.150 anos. Os gregos, fascinados pela majestade de monumentos e esculturas feitos pelo homem, enumeraram sete: a Pirâmide de Quéops, os jardins suspensos da Babilônia, A estátua de Zeus em Olímpia, o templo de Ártemis em Éfeso, o Mausoléu de Halicarnasso, o Colosso de Rodes e o Farol de Alexandria.
Escritores também produziram obras que encantam gerações sem discriminação de tempo, sexo ou idade. Os que vieram antes abriram caminho para os que vieram depois. E para os que virão. Todos têm uma marca. Sintonizam-se com a época em que vivem. A atual se caracteriza pela vaidade. Pneuzinhos nas costas? Estômago exibido? Barriga nutrida? Coxas atrevidas? Vem, Pitanguy. A língua também adora ser enxutinha. Quer tudo no lugar. Gordurinhas aqui e ali? Xô! O cirurgião plástico manda as adiposidades bater em retirada. Quais?
Um, uma
Você tem um jornal à mão? Escolha uma matéria. Leia-a. Depois, risque os artigos indefinidos. Volte a ler o texto. Reparou? O um e o uma não fazem falta. Ao contrário. Tornam o substantivo vago, impreciso, molengão. Em 99% dos casos, é gordura pura. Xô! Sem ele, o texto agradece. O leitor também: Dilma mereceu (uma) recepção calorosa. O Brasil tem (uma) nova presidente. Há (umas) grandes expectativas em relação ao novo governo.
Seu, sua
“Livro-me dos vocábulos que estão na frase só para enfeitar ou atrapalhar”, repetia George Simenon. O autor de romances policiais com certeza pensava nos possessivos seu, sua. Às vezes, eles tornam o enunciado ambíguo; outras, sobram. Veja: No (seu) pronunciamento de posse, o governador fez promessas. Antes de sair, olhou para o (seu) rosto e as (suas) mãos. Ao chegar, tirou os (seus) óculos.
Aquele, aquela, aquilo
“O que é isso, companheiros?” Por alguma razão que nem Deus explica, os demonstrativos aquele, aquela, aquilo usurpam o lugar dos pequeninos o, a. Em vez dos discretos monossílabos, a turma empanturra a frase com os pesadíssimos trissílabos. Pau neles! Veja: Aqueles que nunca pecaram atirem a primeira pedra. (Os que nunca pecaram atirem a primeira pedra. Quem nunca pecou atire a primeira pedra.) Aquilo que é escrito sem esforço é lido sem prazer. (O que é escrito sem esforço é lido sem prazer.)
Locução adjetiva
Lembre-se: menos é mais. Menos palavras é mais concisão. Material de guerra é material bélico. Pessoa sem discrição é pessoa indiscreta. Criança sem educação é criança mal-educada. Líquido sem cheiro é inodoro.
Orações adjetivas
Pessoa que se alimenta de verduras e legumes (pessoa vegetariana). Homem que planta café (cafeicultor). Criança que não sabe ler nem escrever (criança analfabeta). Brasília, que é a capital do Brasil, tem 2,5 milhões de habitantes. (Brasília, a capital do Brasil, tem 2,5 milhões e habitantes.)
Formas longas
Pôr as ideias em ordem é ordenar as ideias. Pôr moeda em circulação é emitir moeda. Fazer uma viagem é viajar. Ver a beleza do quadro é admirar o quadro.
Mais: Este trabalho visa analisar as causas da violência doméstica. (Este trabalho apontará as causas da violência doméstica.) Esta tese busca discutir o preconceito racial nas escolas. (Este trabalho analisa o preconceito racial nas escolas.) O cantor pode apresentar nova canção durante o espetáculo. (O cantor apresentará nova canção durante o espetáculo.)
Blá-blá-blá
O desnecessário sobra. Se sobra, não faz falta. Se não faz falta, xô! Curso em nível de pós graduação? É curso de pós-graduação. Decisão tomada no âmbito do partido? É decisão do partido. Doença de natureza sexual? É doença sexual.
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