Enganar leitor de jornal? Nem pensar. Ele lê com cuidado. Quando vê algo estranho, para, pensa e questiona. Não se constrange de mandar e-mail ou telefonar. Olímpia do Canto serve de exemplo. Assinante do Diário de Pernambuco, ela se encucou com a passagem “o presidente recorreu a figura de linguagem”. Estranhou a ausência do acento grave. O grampinho teria vez pra indicar a ocorrência de crase. Será?
A crase dá um recado. Anuncia o encontro de dois aa. O primeiro é a preposição. O segundo, o artigo ou o a dos pronomes demonstrativos aquele, aquela, aquilo. O xis da questão em geral é o artigo. Nem sempre ele aparece. É o caso do exemplo. Não se trata de figura de linguagem definida. É uma entre tantas. A frase poderia ter sido escrita assim: O presidente recorreu a uma figura de linguagem.
Na dúvida, basta apelar para o tira-teima. Substitua a palavra feminina por uma masculina (não precisa ser sinônima). Se no troca-troca der ao, sinal de crase. Se der a, nada feito: O presidente recorreu a trabalho escravo.
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