Esopo era um escravo muito especial. Ele gostava de transmitir lições morais. É dele a fábula “A Raposa e as Uvas”. Lembra-se da história? A raposa viu uma videira carregadinha de frutos maduros. Ficou com água na boca. Fez e aconteceu para pegar as delícias. Não conseguiu. Os cachos estavam muito altos. Frustrada, não se deu por vencida:
– Estão verdes, desdenhou.
Um dia, o senhor de Esopo mandou que ele preparasse um banquete com o que havia de melhor, escolhesse as melhores carnes, os legumes mais frescos, as iguarias mais sofisticadas. Nada de economia.
No dia da recepção, Esopo surpreendeu. Como entrada, serviu prato feito com língua. Como prato principal, outra vez ofereceu língua. A sobremesa não fugiu à regra. Também foi preparada com língua.
Os convidados riram da coincidência. Mas o anfitrião ficou indignado. Furioso, perguntou o porquê da zombaria:
– O senhor pediu que eu preparasse o que houvesse de melhor. O que pode superar a língua? Com ela, o homem faz discursos, aprende filosofia, conquista parceiros, ganha promoções, canta louvores, conversa com Deus.
– Pois agora providencie outro banquete, mas com o que há de pior, ordenou o mandachuva.
Esopo, mais uma vez, ofereceu pratos preparados com língua. E explicou:
– Com a língua, é possível caluniar, insultar, mentir, prejudicar a si e ao outro.
Moral da história: cuidado com a língua. Ela constrói e destrói mundos. Que poder!