Os países têm cores que os identificam. A França exibe azul, branco e vermelho; os Estados Unidos, vermelho, branco e azul; Portugal, vermelho, verde e amarelo; o Brasil, verde e amarelo. Elas funcionam como metonímia – a parte que retrata o todo. Ao mirá-las, mira-se a nação.
Quando as seleções de futebol disputam campeonatos mundo afora, vestem as cores nacionais. Os 11 jogadores em campo não representam este ou aquele time. Representam o país com milhões ou bilhões de habitantes e séculos de história. Nos pés dos brasileiros, por exemplo, são 520 anos de lutas e conquistas que rolam no gramado.
Ali estão concentrados índios, negros e brancos cuja contribuição tornou os brasis Brasil. Durante séculos não havia a definição de brasileiro. Havia baianos, cearenses, piauienses, mineiros, pernambucanos, paulistas e tantas outras denominações. Nada os unia.
Não foi fácil dar liga a culturas diferentes, distâncias continentais, interesses diversos e meios de transporte precários. Revoltas separatistas eclodiram em províncias próximas e distantes do poder central. Proclamada a Independência, muitos se negaram a integrar o Império do Brasil.
Desligar-se da tutela portuguesa e tomar as rédeas do próprio destino exigiu diplomacia, negociações e povo nas ruas. D. Pedro I, antes de abdicar em favor de quem viria a ser o segundo imperador do país, sofreu hostilidades da população que quase lhe impossibilitaram o ir e vir.
Uma delas ocorreu às portas do palácio imperial. Em luta aberta, brasileiros atacaram casas de portugueses. Receberam em resposta uma chuva de garrafas. Foi a Noite das Garrafas. Menos de um mês depois, o monarca voltou para Lisboa. Num desabafo, disse que invejava o filho por ele ser brasileiro.
Era brasileiro por ter nascido no Brasil. Quem mais seria brasileiro? Estrangeiros que aqui chegaram e ficaram? Indígenas, negros, mestiços também teriam direito à nacionalidade? Seria permitida a escravização de brasileiros? As questões exigiam resposta política. A nação foi criada a partir das definições jurídicas e imposições sociais dos dirigentes.
Hoje, o Brasil se veste de verde e amarelo. Bandeiras hasteadas, camisetas, prédios decorados exibem as cores do país. Elas representam a nação. Não pertencem a este ou àquele indivíduo, a este ou àquele estado, a este ou àquele governo. São patrimônio dos 210 milhões de brasileiros.
(Editorial do Correio Braziliense de 7.9.20)
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