O porquê dos porquês

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Estudantes, jornalistas, advogados, todos querem saber por que o porquê tem tantas caras. Ora aparece junto. Ora, separado. Ora com acento. Ora sem o chapeuzinho. Não há quem não hesite na hora de escrever uma forma ou outra. Muitos chutam. Mas, como a língua não é loteria, a Lei de Murphy entra em vigor. O que pode dar errado dá. Melhor não correr riscos. O caminho é dar uma estudadinha no assunto. Aprendidas as manhas da caprichosa criatura, empregar uma ou outra forma torna-se fácil como andar pra frente. Quer ver? Use:

Por que

1. nas perguntas: Por que os professores estimulam a leitura? Por que a evasão escolar é alta no Brasil?

2. nos enunciados em que é substituível por “a razão pela qual“: É bom saber por que (a razão pela qual) os professores estimulam a leitura. Explique por que (a razão pela qual) a evasão escolar é alta no Brasil. Por que (a razão pela qual) a libertação de José Dirceu só fortalece a Lava-Jato.

Por quê

A dupla com chapéu só tem vez quando o quezinho for a última — a última mesmo — palavra da frase. Por quê? Ele é átono. No fim do enunciado, torna-se tônico. O acento lhe dá a força: Os professores estimulam a leitura por quê? A evasão escolar continua alta, mas poucos sabem por quê. Que tal descobrir por quê?

Porque

Com essa cara, juntinho, sem lenço nem documento, porque é conjunção causal ou explicativa: Os professores estimulam a leitura porque bons textos enriquecem o vocabulário. A evasão escolar é alta porque muitas crianças trabalham em vez de ir à aula. Trabalhe, porque você precisa pagar as contas.

Porquê

Assim, coladinho e com chapéu, o porquê torna-se substantivo. Para mudar de classe, precisa da companhia do artigo ou de pronome: Explicou o porquê da evasão escolar. Certos porquês quebram a cabeça da gente. Esse porquê se inspira em outro porquê.

Resumo da ópera

Não há por que temer os porquês. Quem entendeu a lição sabe por quê.

Dad Squarisi

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