Era reforma da Previdência. Virou Nova Previdência. Por quê? As palavras são mágicas. Algumas chocam, causam dor ou provocam imagens desagradáveis. A saída? Apelar para outras, sem a carga da rejeição. A mudança nas regras da aposentadoria vem levando pancadas há mais de duas décadas. Este ano não foi diferente. Apanhava da direita, da esquerda, de cima e de baixo. O jeito? Convocar o eufemismo. Ao trocar seis por meia dúzia, o governo adoça o termo e, com isso, torna-o mais palatável.
Vade retro
Há exemplos pra dar, vender e emprestar. Muitos não gostam de pronunciar a palavra morte. Sentem medo. O que fazem? O mesmo que Bolsonaro & cia. Manuel Bandeira chamou-a de “a indesejada das gentes”. Outros dizem falecimento, viagem, ida desta pra melhor, mudar-se para a companhia do Senhor, espichar as canelas, vestir paletó de madeira, bater as botas. E por aí vai.
Diabo não fica atrás. A língua oferece mil artimanhas para fugir do espertalhão que, dizem, não é perigoso por ser diabo, mas por ser velho, pra lá de vivido. Eis recursos: demo, bicho, cão, beiçudo, canhoto, coxo, anhangá, coisa ruim, anjo rebelde. Valha-nos, Deus! Vade retro, satanás!
A língua é pra lá de sociável. Conversa sem se cansar. E, no vai e…
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As línguas adoram bater papo. Umas influenciam as outras. A questão ficou tão banalizada que…
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