Máscaras, confetes e serpentinas

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No calendário, a folia começa no sábado. Mas, na vida real, o tempo é outro. Blocos tomam conta das ruas. Clubes se enfeitam para a festa. Fantasias estão prontinhas, à espera da entrada gloriosa no salão ou do desfile nos sambódromos da vida. Entre tanta agitação, um cuidado se impõe. Trata-se do respeito à língua.   

Disfarce

Atenção, moçada. Máscaras invadem as ruas e exibem caras famosas ou sonhadas. Mulheres viram homens. Homens se transformam em mulheres. Meninos ganham os poderes do Super-Homem. Meninas, os malabarismos da Hannah Montana. Há de tudo.

Até gente que prefere observar. De fora, comenta o que vê. Um bloco aparece em todas as bocas. É bom gosto e mau gosto. Pinta, então, uma dúvida. Como tratar os adjetivos bom e mau? No comparativo, eles viram melhor e pior? Ou mantêm a forma?

Mesmo bloco

Guarde isto, folião. Bom gosto e mau gosto dançam no bloco de boa vontade, má vontade, bom humor e mau humor. São duas palavras, mas contam como se fossem uma. Antecedidos de mais, menos, muito e pouco, funcionam como uma única palavra. Assim: mais bom gosto, mais mau gosto, mais má vontade, menos má vontade, mais mau humor, menos mau humor.

Com elas, melhor e pior também têm vez. Mas as dissílabas não tocam no bom e no mau. Por quê? Os adjetivos fazem parte do nome: o melhor bom gosto, o pior mau gosto, a melhor boa vontade, a pior boa vontade, a melhor boa-fé, a pior má-fé.

Muito e pouco

Antecedidas de muito e pouco, as duplinhas não gozam de privilégios. A língua

os trata como qualquer substantivo. Observe: muita roupa, pouca roupa, muito dinheiro, pouco dinheiro, muito bom gosto, pouco bom gosto, muito mau humor, pouco mau humor, muita boa vontade, pouca boa vontade. * É isso. Entre na folia com muito bom humor. Tenha muita boa vontade com quem desfila o pior mau gosto. E não morra de inveja de quem exibe o mais bom gosto da avenida. Como diz o outro, há gosto pra tudo. Oba! A variedade é pra lá de legal. Já imaginou se todos se fantasiassem de palhaço? Ou de pierrô? Ou de Lula e Dilma? Que monotonia! Valha-nos, Deus!

Dad Squarisi

Publicado por
Dad Squarisi

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