“Hoje, fazem 50 anos da edição do AI-5, o início dos anos mais violentos da ditadura”, postou Marina Silva no Twitter. Seguidores da ex-senadora estranharam a flexão do verbo fazer. Com razão. Ao exprimir fenômeno da natureza ou contagem de tempo, fazer não tem sujeito. É impessoal. Só se conjuga na 3ª pessoa do singular: Faz frio no inverno. Neste verão, faz mais calor que habitualmente. Faz cinco anos que moro aqui. Faz duas horas que cheguei. Hoje, faz 50 anos da edição do AI-5, o início dos anos mais violentos da ditadura.
Outros verbos impessoais
Contágio
A impessoalidade é contagiosa. Os auxiliares dos sem-sujeito são também impessoais: Faz duas horas que cheguei aqui. (Deve fazer duas horas que cheguei aqui. Vai fazer duas horas que cheguei aqui.) Houve distúrbios nas manifestações. (Talvez tenha havido distúrbios nas manifestações. Vai haver distúrbios nas manifestações. Pode haver distúrbios nas manifestações. Deve haver distúrbios nas manifestações.)
Olho vivo! Vivíssimo!
O verbo impessoal detesta a solidão. De vez em quando, busca companhia. Arranja um sujeito e se torna pessoal. Resultado: flexiona-se como os demais: Amanheci pra lá de bem-humorada. E vocês, amanheceram bem? Na discussão, choveram impropérios. Nossa alma anoitece com a notícia.
A língua é pra lá de sociável. Conversa sem se cansar. E, no vai e…
Porcentagem joga no time dos partitivos como grupo, parte, a maior parte. Aí, a concordância…
O nome do mês tem origem pra lá de especial. O pai dele é nada…
Terremoto tem duas partes. Uma: terra. A outra: moto. As quatro letras querem dizer movimento.…
As línguas adoram bater papo. Umas influenciam as outras. A questão ficou tão banalizada que…
Nome de tribos indígenas não tem pedigree. Escreve-se com inicial minúscula (os tupis, os guaranis,…