O Enem vem aí. Com ele, a redação e a luta para alcançar nota 1000. Os recursos da língua, claro, pedem passagem. Entre eles, os parênteses, as grandes vítimas da escola. “Errou e não pode apagar?”, perguntam os professores. “Ponha entre parênteses.” Os pobres alunos aprendem a lição. E repetem-na ao longo da vida. Resultado: dão informações falsas e perdem pontos. Mas não há bem que sempre dure nem mal que nunca se acabe. Vale mudar o enredo. Ao usar os parênteses, você dá um recado: a palavra, expressão ou oração neles contida é secundária, acessória. Entrou ali de carona. Não faz falta.
Trata-se, em geral, de uma explicação, uma circunstância incidental, uma reflexão, um comentário ou uma observação. Veja: O senador Cristovam Buarque (PPS-DF) defende a educação com qualidade. A maioria dos estudantes (quem diria!) sai da escola sem a habilidade de ler e escrever. Por causa da Ficha Limpa, as próximas eleições (2018) deixarão de fora nomes tradicionais da política. Recife (ou o Recife) é palco de um dos melhores carnavais do país.
Dentro ou fora?
O ponto vai fora quando a expressão encerrada nos parênteses for um pedaço da oração: Nomes tradicionais da política (Eduardo Suplicy e Pedro Simon) se despediram do Senado. Ameaça o abastecimento de água a morte criminosa de rios (muitos transformados em lixeiras).
O ponto vai dentro quando os parênteses englobam toda a oração: As jovens do século 21 perseguem os namorados até concretizar o romance. (Vão em cima com tudo sem se importar se eles querem ou não.) As pessoas obsessivas fazem qualquer coisa para obter o que desejam. (Elas não sabem perder.)
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