O verbo fala. Dono e senhor da oração, manda e desmanda. Criou, por isso, o imperativo. O nome diz tudo. É o modo que dá ordem. Às vezes amacia a voz. Transforma-a em pedido. Outras vezes, em súplica. Mas, no fundo, no fundo, a realidade é uma só. Ele é muito autoritário.
Há dois imperativos. Um: afirmativo. Manda fazer. O outro: negativo. Manda não fazer. A formação deles tem manhas. Você as conhece? Teste seu conhecimento. Se as frases abaixo estiverem certinhas da silva, escreva V, de verdadeiro, nos parênteses. Se matarem a gente de vergonha, castigue-as com um F, de falso. Depois, marque a sequência nota dez:
( ) Diga-me com quem andas, que te direi quem és. ( ) Diga-me com quem anda, que lhe direi quem você é. ( ) Dize-me com quem andas, que te direi quem és. ( ) Dize-me com quem anda, que lhe direi quem você é.
a. F, V, V, F b. V, F, F, V c. V, V, F, F d. F, F, V, V
E daí?
Marcou a letra a? Pra lá de certo. Você conhece os caprichos do imperativo. O mandão não lhe vai roubar pontinhos nem nas provas nem na vida.
Preferiu outra letra? Cuidado. Você corre risco de se tornar vítima do arrogante. Defenda-se. Dê uma estudadinha no assunto. Desvendados os mistérios, você verá que o leão é manso.
Manda fazer
O Imperativo afirmativo exige atenção plena. Inclemente, divide as pessoas do discurso em dois grupos. As segundas pessoas (tu e vós) ficam de um lado. As outras (ele, nós, eles), de outro. Misturar é proibido.
***
Por que a separação? Por causa da formação do imperativo. O tu e o vós derivam do presente do indicativo. Mas mandam o s final pras cucuias. As outras pessoas não dão trabalho. Saem todinhas do presente do subjuntivo. Sem tirar nem pôr.
Exemplo
Veja o verbo dizer:
Presente do indicativo: eu digo, tu dizes, ele diz, nós dizemos, vós dizeis, eles dizem
Presente do subjuntivo: que eu diga, tu digas, ele diga, nós digamos, vós digais, eles digamImperativo afirmativo: dize tu, diga você, digamos nós, dizei vós, digam vocês
Manda não fazer
O imperativo negativo joga em outro time. Descomplicado, não quer saber de confusão. Forma-se todinho do presente do subjuntivo. Mas não deixa de marcar a autoridade. Exige um baita não na frente. Quer ver?
não digas tu não diga você não digamos nós não digam vocês
Ausente
O eu ficou fora? Ficou. A razão é simples. Ninguém dá ordem para si mesmo. Se der, ocorre uma mágica. O eu vira você. Duvida? Banque o São Tomé. Dê uma ordem pra você mesmo.
Mãos à obra “Vem pra Caixa você também” é propaganda da Caixa Econômica Federal. Nela há uma sopinha de pessoas. O tu se mistura com o você. Corrigida, a frase fica assim:
a. Vem pra Caixa tu também. b. Venha pra Caixa tu também.
A resposta? É a a, concorda?
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