O mal-amado da moda? É o mau humor. Em tempos de crise, sobram razões para a cara amarrada. Dinheiro curto, medo de demissão, adiamento de sonhos & cia. indesejada lembram que o mar não está pra peixe. Sobram, por isso, criaturas de mal com a vida. Como não ser uma delas? Há jeitos. O melhor: enxergar o lado divertido das coisas. E rir. Rir muito. Rir de si e dos outros.
As pessoas de bem-estar elevado são tolerantes. Admitem e desculpam falhas em si e nos outros. Por isso têm grande capacidade de mudança. Aceitam novidades. Adaptam-se sem brigar nem sofrer. São como água corrente – molinha, fresca e límpida. Diferente da água estagnada – malcheirosa e foco e mil e um males.
Reparou? Tratar do senso de humor exige algo mais que psicologia – exige conhecimento de manhas da grafia. Mais especificamente: do uso de mau e mal. As duas palavras gozam de nós. Soam do mesmo jeitinho, mas se escrevem de forma diferente. E têm significados diferentes.
Mau ou mal? Depende. Mau é contrário de bom. Na dúvida, faça a substituição. Você acertará sempre: mau humor (bom humor), mau datilógrafo (bom datilógrafo), mau tempo (bom tempo), homem mau (homem bom).
Na dúvida, lembre-se da rima: “Eu sou o lobo mau (bom), lobo mau, lobo mau / Eu pego as criancinhas pra fazer mingau”. Uau! Mau e mingau jogam no mesmo time.
Mal é o oposto de bem. Com ele também vale a regra do troca-troca: mal-humorado (bem-humorado), mal-estar (bem-estar), mal-agradecido (bem-agradecido). A tuberculose foi o mal (bem) do século passado. Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe.
É isso. Com o macete, a alternativa é uma só – acertar ou acertar. Adeus, razões para estar de mal com a língua. Adeus, língua que fala mal do mal e do mau.