Deus criou a mãe porque não podia estar em todos os lugares. E caprichou. Deu-lhe um coração desssssste tamanho. Para ela os rebentos são os mais lindos, os mais perfeitos, os mais inteligentes do mundo. Não por acaso a chamam de mãe coruja.
O apelido vem da fábula “A águia e a coruja”, de La Fontaine. Conhece? As duas aves celebraram um tratado de paz. A primeira prometeu não comer os filhotes da segunda. Como não os conhecia, pediu uma descrição segura:
— Nada mais fácil que identificá-los, disse a coruja. É só prestar atenção à beleza. São os filhotes mais belos, mais encantadores, mais cativantes entre os bichos de penas existentes sobre a Terra.
Dias depois, a águia viu uns mostrengos no ninho. Não poderiam ser os filhos da outra, claro. Devorou-os. A coruja, desconsolada, foi tomar satisfação.
— Não culpe senão a você, respondeu a comilona. Aqueles feiosos assustavam. Não correspondiam ao retrato feito por você.
Moral da história: o belo, para o sapo, é a sapa.
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