Fernando Amaral, da Embrapa, se interessa pelo bom texto. Sabe que uma frase enxuta, clara e sedutora não cai do céu, nem salta do inferno. É fruto de paciência, esforço e desapego. Outro dia, ao ler Graciliano Ramos, descobriu esta pérola do mestre. Mandou-a pro blog pra compartilhá-la com os leitores. Que tal?
“Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes. Depois enxáguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota. Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer.”
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