Sou apreciador da tua coluna, no jornal O Sul. Adoraria que me esclarecesses as dúvidas sobre o substantivo sem-terra: ele tem plural? Escreve-se com hífen? A regra vale para sem-teto? (Eugênio Cechin)
A reforma ortográfica, como o nome diz, foi ortográfica. Alterou a grafia de palavras. A mudança abrange letras, acentos, hifens e travessões. Manteve-se distante de pronúncia, morfologia e sintaxe. Assim, o que ficou de fora de fora está. Por exemplo: o trema caiu. A ausência dos dois pontinhos não significa mudança na pronúncia. Grafamos tranquilo, mas pronunciamos tranqüilo.
O hífen, Eugênio, é castigo de Deus. As simplificações da reforma são bem-vindas, mas poderiam ter ido mais fundo. Um dos beneficiados pelo mexe-mexe toi o sem. Antes, nomes formados com as três letrinhas ora tinham o tracinho, ora não. Agora todos têm: sem-terra, sem-teto, sem-banco, sem-emprego.
Quanto à flexão, as duplinhas são sem-sem — sem feminino ou masculino, sem singular ou plural: O sem-terra-saiu. A sem-terra saiu. Os sem-terra gaúchos saíram. As sem-terra gaúchas saíram.
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