Nos tempos de internet, leitor rima com coautor. Elogia, critica, dá sugestões. A colaboração é pra lá de bem-vinda. Corrige tropeços, enriquece o espaço e se envolve na aventura sem fim do escrever. João Paulo Cavalcanti serve de exemplo. Outro dia, navegando pela rede, encontrou um texto que, além de útil, é pra lá de divertido. A obra tem autor, claro. Quem? Ninguém sabe. Ninguém viu. Ei-la.
Você já pleonasmou hoje?
Todos os portugueses (ou quase todos) sofrem de pleonasmite, doença congênita para a qual não se conhecem nem vacinas nem antibióticos. Não tem cura, mas também não mata. Mas, quando não é controlada, chateia (e bastante) quem convive com o paciente.
O sintoma é a verbalização de pleonasmos (ou redundâncias), que, com o objetivo de reforçar uma ideia, acabam por lhe conferir um sentido quase sempre patético. Definição confusa? Aqui vão quatro exemplos óbvios: subir para cima, descer para baixo, entrar para dentro e sair para fora.
Já se reconhece como paciente de pleonasmite? Ou ainda está em fase de negação? Olhe que há muita gente que leva uma vida a pleonasmar sem se aperceber que pleonasma a toda hora.
Vai dizer-me que nunca recordou o passado? Ou que nunca está atento aos pequenos detalhes? E que nunca partiu uma laranja em metades iguais? Ou que nunca deu os sentidos pêsames à viúva do falecido?
Atenção: o que estou dizendo não é apenas a minha opinião pessoal. Baseio-me em fatos reais para lhe dar o aviso de que essa doença má atinge todos sem exceção.
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