A palavra tem dois ideogramas. Um quer dizer dia. O outro, origem. Por isso o Japão é conhecido como terra do sol nascente. Há 100 anos os filhos do arquipélago que fica do outro lado do mundo desembarcaram no Brasil. Eram 781 fugitivos da fome e da crise econômica. Esperavam ganhar dinheiro rapidinho e voltar pra terra amada. Não voltaram.
Hoje formam comunidade de 1,5 milhão de pessoas que se integraram à nova pátria. Para cá trouxeram histórias e tradições. Deram exemplo de paciência, pontualidade e respeito. Desenvolveram a agricultura e enriqueceram a culinária e a língua. São pra lá de bem-vindos.
Outro nome
Os japoneses são chamados de nipônicos. O vocábulo vem de Nipon. O nome tem tudo a ver com os ideogramos que formam a palavra. Ni quer dizer sol. Pon, fonte, origem. Viu? É Japão na língua deles. O trissílabo ganha forma reduzida — nipo. Com ela, formamos os compostos nipo-brasileiro, nipo-africano, nipo-francês.
Gente de casa
Palavras do outro lado do mundo se tornaram gente de casa. Quimomo substitui roupão com naturalidade. Brasileiros compõem os sofisticados haikais como se fossem quadrinhas. Meninos e meninas praticam judô, caratê, sumô como lutam capoeira. Nisseis entraram na paisagem humana nacional como mulatos, cafuzos e caboclos.
Cursos de origami e iquebana fazem parte do currículo escolar. Saquê freqüenta a mesa da pinga. O sushi figura em charrascarias como picanha e maminha. O tatâmi disputa a vez com o carpete. Caraoquê faz a festa dos aprendizes de cantores. E a gueixa? O jeito delicado da mulher sedutora enche a todos de inveja.
Riqueza do Ocidente
O japonês também ganhou contribuição portuguesa. A história nasceu há muito tempo. Em 1549, São Francisco Xavier chegou àquelas ilhas distantes. Na bagagem levava o cristianismo. Não teve êxito na introdução da nova fé, mas deixou marcas ocidentais por lá. As palavras servem de exemplo. Pan vem de pão. Koppu, copo. Botan, botão. Arubamu, álbum. Arigatô, obrigado. Tempura, tempero.
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