Dad Squarisi
A fila anda. Com ela, a sociedade muda. O que era deixou de ser. Deu lugar a transformações na cultura nacional. Uma das mais importantes: a certeza de que o Estado não dá conta das obrigações. Seja por incompetência, seja por falta de compromisso, o grande pai falhou. A escola não ensina. A saúde não cura. A segurança assusta. O transporte abandona passageiros no caminho.
Desde Pedro Álvares Cabral, os pobres pagam a conta do descaso. O cobrador bate à porta de favelas e moradores de bairros distantes. Com a rápida e bagunçada urbanização, os excluídos exigiram inclusão. Sem planejamento, o país fez o que sempre faz: deu um jeitinho. A resposta ao improviso foi a piora de tudo — a degradação do equipamento urbano e a manutenção de bolsões de esquecidos de Deus e dos homens.
E daí? Na certeza de que quem espera nunca alcança, ONGs e empresas conscientes da responsabilidade social decidiram fazer a sua parte. Apoiam ou patrocinam projetos aptos a responder a urgências sociais. É o caso da C&A, da Natura, da Telefonica, do Grupo Votorantim, do Correio Braziliense & cia. do bem. A tecnologia, claro, figura entre os principais fatores de mudanças.
Na semana passada, seminário internacional reuniu em Florianópolis especialistas de diferentes grupos que discutiram o papel da tecnologia para a transformação social. Um ponto chamou a atenção: embora seja um dos países mais conectados do mundo, o Brasil figura na rabeira da inovação. A tecnologia pouco impacta escolas de todos os níveis de ensino.
Não por acaso, lideram o ranking os primeirões do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa ) — Cingapura, China, Japão, Finlândia. Significa que colhe os frutos da inovação quem tem ensino de qualidade. Não é o nosso caso. Ainda marcamos passo em leitura, matemática e ciências. Obrigamos os estudantes a olhar para trás em vez de desafiá-los a buscar respostas para os desafios da contemporaneidade.
Educação de excelência, que pressupõe professores, currículo, material e instalações físicas de ponta, figura em discursos políticos. Palavras bonitas soam bem, mas são incapazes de, sozinhas, se transformarem em ação. Precisam da mobilização social. O cidadão tem de exigir um futuro moderno para filhos e netos. Escolas do século 19, professores do século 20 e alunos do século 21 não falam a mesma língua.
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