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Dicas de Português para domingo 20 de fevereiro de 2005-02-17 Dicas de Português Dad Squarisi Dad.squarisi@correioweb.com.br Recado “Estilo é a deficiência que faz com que um autor só consiga escrever como pode.” Mário Quintana Historinha divertida Renata escreve notas para colunas sociais. Outro dia, recebeu fotos do casamento mais badalado na cidade. Mas havia um senão. Faltava a identificação do fotógrafo. Ela ligou para a jovem recém-casada. Não a encontrou em casa. Recorreu ao marido. Ele também não estava. Mas alguém atendeu e perguntou meio distraído: — Quem está falando? — Renata, do jornal da cidade. — Com quem gostaria de falar? — Com Jorge, o noivo da semana. — Ele não está aí. Perplexa, a repórter comentou: Claro que não está aqui. Se estivesse, por que eu ligaria? O descuidado tropeçou no emprego dos advérbios aqui e . Eles têm tudo a ver com quem conversa. Aqui indica que a pessoa ou o objeto estão perto da pessoa que fala. Aí, da pessoa com quem se fala. O apressado que atendeu a Renata teria dado informação nota dez se tivesse dito: Ele não está aqui. Historinha séria Técnicos do Ministério da Educação têm muitas atribuições. Entre elas, preencher formulários de formandos das universidades federais. Na semana passada, bateu uma dúvida. Tratava-se dos dados identificadores da pessoa. Entre elas, nacionalidade. Como fazer a concordância? Consulta vai, consulta vem, eureca! O Dicionário de questões vernáculas, de Napoleão Mendes de Almeida, deu a resposta. Nacionalidade joga no time de estado civil e profissão. Concorda com o sexo da pessoa. Quer exemplos? Nome: Paulo da Silva Nacionalidade: brasileiro Estado civil: casado Profissão: médico Nome: Maria Augusta Ferro Nacionalidade: brasileira Estado civil: casada Profissão: médica A explicação? Faz-se, aí, concordância ideológica. O nome não concorda com o que está expresso, mas com o mentalmente subentendido. A língua está cheia de casos. Vale lembrar os pronomes de tratamento. Se nos dirigimos à ministra, dizemos: — Vossa Excelência é simpática. Se o interlocutor é ministro, o masculino pede passagem: Vossa Excelência é simpático. Historinha de descuido “Que descuido!”, escreveu o leitor Afonso Guedes, lá do Rio. Ao ler a coluna de quarta, ele se surpreendeu com a citação do verso de Vinícius sobre o amor. Explica: “O poetinha jamais disse que o `amor seja eterno enquanto dura´. Isso não teria sentido. Ele disse que o `amor seja infinito enquanto dura´. Infinito dá idéia de grandeza, intensidade, quantidade… amor imenso. Eterno dá idéia de tempo, para sempre. Infinito é uma coisa; eterno, outra”. De quebra, manda o poema objeto do troca-troca. Lembra-se dele? Ah, delícia! SONETO DA FIDELIDADE De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento. E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa me dizer do amor ( que tive ): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure.

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