A Terra tinha uma só língua e um só modo de falar. Ninguém precisava estudar inglês, francês, alemão ou árabe. Todos se entendiam. A harmonia reinava. “Que monotonia”, bocejaram os homens. “Vamos agitar?” Pensa daqui, palpita dali, eureca! Decidiram construir uma torre que os levasse ao céu — a Torre de Babel. Nas alturas, as coisas seriam mais animadas.
A obra subiu célere. Deus, ao ver a ousadia, irou-se. O castigo veio sem demora – a criação de 6.800 línguas. Os pedreiros não entenderam mais o mestre de obras, que não entendeu mais o engenheiro, que não entendeu mais o arquiteto, que não entendeu mais os fornecedores. O esqueleto ficou ali, inacabado. Babel virou substantivo comum. Significado: confusão de línguas.
Caos divino
Sem comunicação, as criaturas se dispersaram. Pior: cada língua recebeu punição à parte. O chinês ficou com os milhares de ideogramas. O inglês, com a escrita diferente da pronúncia. O francês, com a praga dos acentos. O alemão, com as palavras coladas, tão compridas quanto a cobra que tentou Eva no paraíso.
E o português? Ganhou o hífen. Deus pegou um montão de hifens na mão direita, um montão de palavras na esquerda e jogou tudo pro alto. O resultado? A confusão que todos conhecem. Algumas palavras se ligaram com hífen. Outras se colaram como unha e carne. Houve também as que dobraram letras.
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